No ano de 2012, a Universidade Federal de Mato Grosso deu início ao processo de criação do Campus Universitário de Várzea Grande (CUVG). Em 2014, os primeiros alunos da Faculdade de Engenharia (FAENG) ingressaram nos cinco cursos de graduação existentes na unidade, que passou a funcionar provisoriamente no Campus de Cuiabá. No entanto, nove anos depois, as obras ainda estão inacabadas e o campus de Várzea Grande ainda não se tornou realidade. Por outro lado, a UFMT e a prefeitura de Lucas do Rio Verde dialogam sobre a construção de um campus no município. Neste texto, será discutida a expansão da universidade e a responsabilidade de parlamentares e gestores na alocação de recursos.
Os cursos da Faculdade de Engenharia já formaram, no espaço provisório em Cuiabá, profissionais da Engenharia de Computação, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Transportes, Engenharia de Minas e Engenharia Química. Esses cursos oferecem, juntos, 315 vagas anuais por meio do Sistema de Seleção Unificada (SISU). Em 2022, foi criado o curso de graduação em Ciência e Tecnologia Interdisciplinar, na modalidade de Educação a Distância, com duração de três anos. Serão ofertadas, ao todo, 1000 vagas anuais, que serão distribuídas nos polos de Água Boa, Cuiabá, Guarantã do Norte, Lucas do Rio Verde, Pontal do Araguaia, Pontes e Lacerda, Primavera do Leste, Sorriso, Tangará da Serra, Vila Rica e Rondonópolis. Além disso, foram criadas duas especializações na FAENG: Engenharia Ferroviária e Bioenergia.
O novo campus na cidade industrial pode contribuir muito para o desenvolvimento do estado, especialmente para enfrentar o desafio da verticalização da cadeia produtiva e a industrialização do estado. A proximidade com o parque científico-tecnológico e o perfil dos cursos criados podem contribuir para criar um ambiente de inovação e desenvolvimento tecnológico.
Mas então, o que falta para isso se tornar realidade? A maior parte das obras do campus de Várzea Grande está em estado avançado ou já foi concluída. No entanto, ainda faltam recursos para a estrutura urbana do campus, conclusão de algumas obras e a compra de equipamentos para os laboratórios dos cursos de engenharia. Em outras palavras, é necessário obter recursos.
Sou favorável à ampliação da universidade e à sua interiorização, e Lucas do Rio Verde pode ser um ótimo local para a construção de um novo campus. No entanto, se o orçamento é limitado e os recursos públicos também, pensando na sua boa aplicação, é necessário primeiro concluir o campus em andamento antes de iniciar um novo. Não podemos permitir que o estado se torne um cemitério de obras inacabadas. Em 2024, o campus de Várzea Grande completará 10 anos de funcionamento. Faremos isso ainda em espaço provisório? Espero que não.
É preciso cobrar do Ministério da Educação (MEC) a destinação dos recursos para a conclusão das obras e a compra de equipamentos para a unidade. Ou então, que a bancada federal destine, por meio de emendas parlamentares dos senadores e deputados, os recursos necessários para a conclusão. A conclusão do campus representa a valorização da educação e a boa aplicação dos recursos públicos, além de ser uma necessidade da comunidade acadêmica. Visa fortalecer o papel da universidade em fornecer um ensino público, gratuito e de qualidade, que atenda às demandas da sociedade e contribua para o desenvolvimento social, humano e econômico do estado de Mato Grosso.
Caiubi Kuhn, Professor na Faculdade de Engenharia (UFMT), geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT), mestre em Geociências (UFMT)
FONTE: Folha Max