UFMT anuncia reforço na segurança após homicídio e assédios dentro do campus | RDNEWS

A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Marluce Souza e Silva, anunciou nesta quinta-feira (31) uma série de medidas para reforçar a segurança no campus de Cuiabá após três episódios de violência contra mulheres registrados nos últimos dias: o assassinato de Solange Aparecida Sobrinho, no dia 24, e dois casos de agressão e assédio a alunas nos dias 28 e 30 de julho.

Durante coletiva de imprensa, a gestora lamentou os crimes e classificou o momento como “lamentável” e “surpreendente”, destacando ser necessário enfrentar essa situação com a ajuda de todos os parceiros possíveis. Marluce afirmou ainda que a universidade vinha sendo sucateada nos últimos anos e reafirmou o compromisso de sua gestão com a pauta da segurança. “Nós só chegamos como reitoria desta universidade porque nos comprometemos com pautas importantes como essa”, afirmou.

João Aguiar/Rdnews

Da esquerda para a direita: o prefeito do campus, Paulino Simão de Barros, a reitora Marluce Souza e Silva, e a secretária de Comunicação da UFMT, Jociene Pedrini

Entre as medidas anunciadas, está a instalação de 600 câmeras do programa estadual Vigia Mais MT, com previsão de funcionamento dentro de 20 dias. “Algumas câmeras já estão sendo instaladas. Estamos analisando todas as possibilidades de aumentar o nosso contingente de pessoas que trabalham na vigilância e nas guaritas”, afirmou a reitora.

Marluce também informou que haverá uma reorganização dos contratos com empresas terceirizadas para garantir a presença de seguranças mulheres em locais estratégicos, como banheiros e pontos de ônibus. Segundo ela, o contrato atual, que custa R$ 540 mil por mês, inclui 38 porteiros e 20 vigilantes (10 por turno), sendo metade armados. “Estamos revisando esse contrato, porque eles são responsáveis também pelos danos causados às pessoas dentro do campus”, pontuou.

A UFMT também se comprometeu com os estudantes a implementar outras dez ações imediatas, como a criação de uma comissão de segurança, reabertura de guaritas nos fins de semana, reforço no transporte interno e melhorias nos alojamentos. A gestão recebeu formalmente as demandas após reunião com os centros acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), realizada na manhã de hoje.

Outra novidade será a implementação de um botão do pânico, acessível por celular, que poderá ser usado por qualquer pessoa dentro do campus. “Nós, mulheres principalmente, quando nos sentimos ameaçadas, poderemos acionar o botão e receber socorro imediato”, explicou a reitora.

Veja outras medidas que, segundo a reitora, serão aplicadas:

  • Reforço de segurança nas guaritas 1 e 2, com vigilantes 24h;
  • Fechamento das entradas e saídas alternativas para carros no ICHS e no IE;
  • Articulação com o governo do Estado para encaminhamento da população em situação de rua, “com respeito aos direitos humanos”;
  • Reestruturação da Secretaria de Direitos Humanos da UFMT, com foco no combate ao assédio e com apoio psicossocial.

Durante a coletiva, Marluce também confirmou que os dois homens responsáveis pela agressão e assédio contra duas acadêmicas foram detidos e entregues à polícia. No caso do homicídio de Solange, as investigações seguem em andamento. A vítima, segundo a reitora, era uma mulher em situação de vulnerabilidade que costumava circular pela universidade.

 “Ainda não conversamos com os familiares, não sabemos por que ela passava parte do dia na universidade, que tipo de atividade ou prazer ela encontrava entre nós”, disse.

Campus vulnerável

Questionada sobre o uso de espaços abandonados e a presença de usuários de drogas ao longo do campus, Marluce reconheceu a fragilidade estrutural da unidade de ensino superior e a existência de denúncias sobre tráfico dentro da universidade. 

“Estamos recebendo informações de que traficantes utilizam a UFMT para comercializar entorpecentes. Não sabemos quem são, por isso as câmeras são essenciais. Não vamos mais tolerar que a UFMT seja vista como um local permissivo para atos criminosos”, afirmou a reitora, que garantiu que as portarias secundárias serão fechadas e as rondas policiais, intensificadas. 

Segundo ela, a segurança será fortalecida com ajuda da Polícia Militar, que se comprometeu a realizar rondas a cada 15 minutos. “Esse é um momento em que precisamos de ações firmes. Não esperávamos que algo tão grave acontecesse, mas estamos reagindo com todas as medidas ao nosso alcance”, concluiu.

FONTE: RDNEWS

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