Fecomércio vê impacto duplo em MT com nova tarifa dos EUA sobre o Brasil | RDNEWS

A nova tarifa de 50% que os Estados Unidos devem aplicar a produtos brasileiros a partir de 6 de agosto acendeu o alerta da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio-MT). Segundo o presidente da entidade, José Wenceslau de Souza Júnior, a medida pode causar um “impacto duplo” no setor comercial do estado, tanto pela redução das vendas externas quanto pela retração da renda das famílias.

“Como elo final da cadeia produtiva, o comércio deve ser duplamente impactado pela retração e mudanças na exportação para os norte-americanos, sofrendo diretamente com a redução nas vendas dessas mercadorias, mas também com a diminuição na geração de emprego e renda das famílias”, pontuou.

Rodinei Crescêncio/Rdnews

José Wenceslau de Souza Júnior, presidente da Fecomércio-MT

Inspirada em medidas protecionistas adotadas durante a gestão Trump, a política comercial norte-americana já havia elevado tarifas sobre aço, alumínio e produtos de países com déficit na balança comercial com os EUA. A entidade ressalta que, agora, o foco recai exclusivamente sobre o Brasil, com impacto direto para Mato Grosso, que exporta ouro, carne bovina, soja, madeira, gelatina e ovos de aves ao país.

Conforme levantamento do Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF-MT), embora os EUA representem apenas 1,1% das exportações mato-grossenses, respondem por 14,6% das importações locais, o que demonstra sua relevância estratégica nas cadeias de abastecimento.

De acordo com a Fecomércio, cidades como Chapada dos Guimarães e Vila Bela da Santíssima Trindade, que destinaram 100% de suas exportações ao mercado americano em 2024, estão entre as mais vulneráveis. Juína (71,57%), Acorizal (45,95%) e Peixoto de Azevedo (44,03%) também apresentam dependência significativa. Já Mirassol d’Oeste e Paranatinga exportaram mais de 75% da carne bovina do estado aos EUA neste ano.

Para Wenceslau, os reflexos devem ultrapassar o nível municipal: “Se torna evidente a urgência de uma diplomacia econômica eficaz, capaz de mitigar os efeitos adversos dessas barreiras comerciais. Isso é particularmente relevante para Mato Grosso, cuja balança comercial responde por cerca de 30% do superávit nacional”.

O presidente da Fecomércio também destaca que a vocação exportadora de Mato Grosso não beneficia apenas empresas, mas movimenta municípios inteiros. “O comércio internacional, quando fortalecido, atua como um motor de geração de riqueza não apenas para as empresas exportadoras, mas também para os municípios onde essas atividades estão instaladas”, destaca.

FONTE: RDNEWS

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