A UFMT merece respeito; no ofensas! | FOLHAMAX

 

Estudei na Escola Modelo Barão de Melgaço, no Palácio da Instrução, e no Liceu Cuiabano; depois fui para nossa UFMT, para os cursos de Medicina, Letras, Direito e Jornalismo – apesar de não os tê-los concluídos, foram aprendizados inesquecíveis. Nada como o ambiente acadêmico; na UFMT me tornei um Cidadão, com c maiúsculo.  Infelizmente, presenciamos apenas sandices do prefeito Abílio há oito meses, mas nenhuma delas supera a estultice de chamar o ensino da nossa UFMT de “bosta” (desculpem-me, mas a palavrão é dele). A UFMT, criada em 10 de dezembro de 1970, pela Lei n° 5647, a partir da fusão da Faculdade de Direito de Cuiabá (que foi criada em 1952) e do Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá. Naquele ano foram abertos os 11 seus primeiros cursos, sempre fez a diferença em Mato grosso. Pois é… “uma bosta”.

A UFMT é responsável por formar milhares de profissionais que atuam em áreas essenciais como saúde, educação, engenharia, direito e tantas outras. Seus projetos de pesquisa e extensão alcançam comunidades vulneráveis, promovem inclusão e desenvolvem soluções para problemas locais e nacionais. Reduzir tudo isso a um insulto vulgar é ignorar o papel transformador da universidade pública. Além disso, a fala do prefeito deslegitima o esforço de jovens que lutam para ingressar no ensino superior e de docentes que enfrentam desafios diários para manter a qualidade do ensino.

Mais grave ainda é o impacto simbólico de uma autoridade pública atacar uma instituição que representa o saber, o pensamento crítico e a pluralidade. Em tempos em que o Brasil precisa valorizar a educação como motor de desenvolvimento, atitudes como essa vão na contramão do que se espera de um líder. O prefeito deveria ser um aliado da UFMT, buscando parcerias e investimentos, e não um agente de desinformação e desprezo. O respeito à universidade é também respeito à democracia, à diversidade e ao futuro.

Tenho saudades de uma outra Cuiabá na qual os interesses dos cuiabanos estavam acima dos interesses políticos. Respeito a Democracia, acredito, piamente, nas urnas eletrônicas, considero a vontade popular soberana; mas, infelizmente, cometemos um equívoco do qual há como retroceder: colocamos os destinos da “Cidade Verde” nas mãos de um despreparado, de um desqualificado e de um inconsequente; assim, como diria Pablo Neruda: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.”

Sérgio Cintra é professor de Linguagens e está servidor do TCE MT. 

FONTE: Folha Max

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