Após 30 anos no PSDB, Leitão confirma saída e planeja disputar a federal | RDNEWS

Rodinei Crescêncio/Rdnews

Nilson Leitão concede entrevista  durante visita à redação do Rdnews

Filiado ao PSDB há mais de 30 anos, o ex-deputado federal e ex-prefeito de Sinop, Nilson Leitão, deixará a legenda para viabilizar a construção de seu projeto de candidatura a deputado federal nas eleições do ano que vem. Presidente do Instituto Pensar Agro e consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Leitão revela que recebeu convites de vários partidos – como o PP, União, Podemos e até o PL – e que avalia as possibilidades antes da definição.

Questionado se irá se aproximar mais da ala bolsonarista ou do centro, Leitão fala em construção de projeto, já tendo descartado a possibilidade de filiação ao PL. Nos bastidores, a informação é de que o ex-parlamentar estaria mais inclinado a ingressar nas fileiras do PP.

“Não é pelo número matemático, é pelo projeto. Qual projeto é melhor neste momento, que eu acredito ser o melhor para Mato Grosso? E é assim que eu vou decidir. Eu vou decidir qual é o melhor projeto. A disputa, posso ganhar, posso perder, eu não sou melhor do que ninguém, alguém vai perder, não cabe todo mundo nas vagas. Mas o que vale é o processo, o que eu quero é comunicar com a sociedade: qual é a minha ideia, qual é o meu projeto, porque o Brasil está sem agenda, não pode ficar só na polarização.”

Sobre a saída do ninho tucano, Leitão ressalta que ainda não oficializou a decisão ao presidente Carlos Avallone, mas que isso ocorrerá no momento certo. “Sem a chapa, você não tem como [se eleger]. Você tem uma legenda que precisa ser complementada. Hoje, se não me engano, são de 180, 190, até 200 mil votos para eleger um deputado. Então, você precisa de um time, e hoje há muita dificuldade de montar essa chapa dentro do PSDB”, diz, frisando que toda a sua carreira política foi construída dentro do partido – tendo sido vereador e prefeito de Sinop, além de deputado estadual e federal.

Ele faz questão de ressaltar que nunca mudou de partido, mas que a movimentação, neste momento, se faz necessária porque o PSDB vive um processo de desidratação em todo o país. Leitão reflete que a legenda não conseguiu se reinventar diante do crescimento do bolsonarismo, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

“O PSDB ocupava esse espaço da direita, e quando o bolsonarismo vem e varre, e há uma lógica nisso: o eleitor, já muito cansado, quando vem o Mensalão, a Lava Jato, o impeachment naquele momento, queria varrer o PT. Mas logo em seguida, quando o Michel Temer assume, vem o escândalo da JBS, que atinge, à época, o Aécio Neves e o Michel Temer. O eleitor fala: ‘não, eu quero varrer o PSDB também’. Generalizou todo mundo e o bolsonarismo ocupou esse espaço.”

Questionado sobre a inflação de pré-candidatos de Sinop à Câmara Federal – já que Juarez Costa (MDB) buscará a reeleição e a ex-prefeita Rosana Martinelli (PL) também tentará um mandato – Leitão avalia que há espaço para todos e lembra que as regiões médio-norte e norte, juntas, têm um dos maiores eleitorados do Estado. “Merece ter dois, três representantes. Rondonópolis já teve três, quatro. Eu acho isso excelente. Você tem 500 mil votos ali. É uma região carente de um monte de coisa.”

Brasil sem agenda

Ex-deputado federal, Leitão conta que sua plataforma de campanha terá como base a implementação de projetos voltados à população. Para ele, em razão da contaminação ideológica, nem o Congresso nem o governo conseguem criar uma agenda no país, o que prejudica o Brasil.

Perguntado sobre as críticas que a bancada mato-grossense tem sofrido por pautar-se muito pelo debate ideológico, Leitão concorda que isso traz prejuízos para Mato Grosso. “Quando a única agenda é discutir a questão partidária, você esquece de discutir as outras coisas. Um ou outro [parlamentar] está discutindo o problema da soja, está discutindo o problema de outra coisa”, reflete.

Entre os temas urgentes, segundo ele, estão o debate sobre hidrovias, soluções para reduzir os casos de feminicídio e a ampliação da produção agrícola.

FONTE: RDNEWS

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