Os vários níveis da participação política | RDNEWS

Reclamações sobre a perda de interesse pela política são ouvidas por toda parte. Depois ouve-se o discurso sobre a crise de representação de inúmeras categorias. Em muitos casos a sub-representação deriva da não participação. Seria possível esquecer a política?

A política, antes, é o mundo que emerge entre nós, o mundo que emerge através das nossas interações uns com os outros, ou através das formas como as nossas ações e perspectivas individuais são agregadas em coletividades, embora alguns cientistas políticos a definam simplesmente como o exercício do poder, o poder como influência sobre as ações de outro, poder de moldar agendas e preferências políticas, ou como foi definida pelo cientista político Harold Lasswell: a política trata de “quem recebe o quê, quando e como”.

Chega da visão fatalista de que não temos escolhas reais a fazer na política. Um voto não elege diretamente o prefeito, o vereador, mas se o seu voto se juntar a um número considerável de outros, o seu voto será sem dúvida importante no resultado eleitoral final”,

Faz realmente diferença em nossas vidas escolhermos quem nos governa. Benjamin Constant no livro Escritos de política disse ser a democracia a autoridade depositada nas mãos de todos. Os cidadãos possuem direitos individuais que estão acima da autoridade que os governa, como a liberdade individual, liberdade de opinião e liberdade religiosa. Para alguns, o critério central de uma democracia é o poder dos cidadãos escolherem o seu governo através de eleições competitivas; para outros, este fator é menos importante do que a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos na obtenção de posições de liderança política; para outros, estes dois critérios perdem a importância se a participação efetiva dos cidadãos nos vários níveis da vida política não for alcançada.

Chega da visão fatalista de que não temos escolhas reais a fazer na política. Um voto não elege diretamente o prefeito, o vereador, mas se o seu voto se juntar a um número considerável de outros, o seu voto será sem dúvida importante no resultado eleitoral final. Todos podemos empreender ações para influenciar diretamente o envolvimento político através das instituições eleitorais. Precisamos nos envolver não apenas por causa dos ideais sublimes da democracia, mas porque é nossa responsabilidade como cidadãos. Devemos prestar mais atenção na verdade, nas propostas porque, gostemos ou não de política, os políticos serão eleitos, irão cobrar impostos e definir novas as regras que afetarão a vida de todos.

Precisamos ler, estudar para entender a efervescência singular da movimentação política, afinal recai sobre o mês de agosto a expectativa dos registros de candidaturas, acesso aos recursos do fundo partidário, abertura de contas, confecção de material visual, gravações decepção com aliados, rasteira partidária. Agosto parece não ter fim!

As pessoas normais não são especialistas na maioria das questões políticas, mas entendem bem as grandes divisões nas posições políticas de progressistas e conservadores, as redes sociais e a proliferação de canais de mídia através da Internet e da TV desempenharam um papel importante, permitindo que as pessoas se comunicassem com pessoas como elas, sem perder o olhar para os que pensam diferente. Ou seja, as pessoas estão gravitando nos espaços dos seus iguais, mas estão lendo sobre os outros candidatos também. Como li dias atrás, numa estratégia de cima para baixo, os partidos estão espalhando combustível dentro de seus campos, promovendo a divisão entre os candidatos em busca de assegurar crescimento das bancadas.

Olga Lustosa é socióloga e cerimonialista pública. Escreve com exclusividade para esta coluna aos domingos. E-mail: olgaborgeslustosa@gmail.com.

FONTE: RDNEWS

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