Laryssa Deckmann, vítima de agressões brutais e tentativa de estupro, dentro da própria casa, ao lado da filha de 4 anos, retalou como foi vivenciar o crime e como ela e a criança stão no presente momento, no Podcast “Que crime é esse?”. O criminoso, identificado como o vizinho das vítimas, de 24 anos, já havia sido preso por crimes sexuais, quando manteve uma jovem encarcerada por cerca de 12 horas.
A jovem relatou que morava no litoral gaúcho e se mudou para Sorriso, há um ano, após o marido receber uma oferta de emprego. Ela disse ainda que, antes do crime, havia decidido “dar uma pausa” na vida profissional para cuidar da filha, de 4 anos. “Era uma vida comum, com os afazeres de casa”, relatou.
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O dia do crime
Larysa relatou que no dia 23 de agosto, em uma sexta-feira, o marido havia saído para trabalhar, perto das 19 horas. Pouco tempo depois ela disse que viu a imagem de um homem e pensou que era seu esposo, que havia voltado para pegar algo, e voltou a dormir.
“Quando eu acordo tinha um cara, com uma faca, um cara que eu nunca tinha visto na minha vida. Eu me desesperei, comecei a gritar, pedi pra minha filha sair. Eu consegui gritar pra ela sair, graças a Deus, ela me escutou e conseguiu sair”, relatou.
Logo em seguida, a jovem conta que deu-se início a luta corporal entre ela e o homem, que tentou asfixiá-la. “Nesse momento, eu fingi que tinha desmaiado, a faca caiu no chão, eu peguei e acertei nas costas dele”.
A vítima relatou que correu para a cozinha e continuou gritando por socorro, momento em que o homem a seguiu e a derrubou no chão por duas vezes, depois a segurava pelos cabelos e bateu a cabeça dela contra o chão por diversas vezes. “Por algum motivo eu, graças a Deus, não desmaiei nenhuma vez”.
Início dos abusos
Logo após as agressões, a jovem relatou que o homem a empurrou contra a parede e começou a esfregar o corpo dele contra o de Larissa, mordeu o nariz dela com muita força, como se fosse arrancá-lo, e disse a ela: “colabora, colabora, para de gritar, porque sua filha está no quarto. Eu vou te matar e o que eu fizer contigo eu vou fazer com ela”. Ao podcast, Laryssa disse que pensava o tempo todo na filha e que tudo o que fez foi por ela.
Laryssa relatou também que, o tempo todo, o homem tentou tirar a roupa dela, mas que ela conseguia se desvencilhar dele, de modo que não houve estupro.
A jovem disse que chegou a perguntar ao agressor quem ele era e porque estaria fazendo aquilo, ao que ela respondeu: “Tu quer apanhar mais? Colabora, eu vou te machucar mais e fazer pior pra tua filha”. Laryssa disse ainda que o criminoso estava pelado desde o início e que tinha uma tornozeleira eletrônica.
Nesse momento a vítima implorou por um copo d’água e o criminoso foi até a cozinha para pegar, logo em seguida Laryssa vai até o quarto e vê que a filha não estava lá. Ao ver que a porta da frente estava aberta, Laryssa correu para fora e começou a pedir socorro.
“Eu fiquei o tempo todo com medo de que ela [filha] ainda estivesse ali dentro, então eu comecei a gritar socorro na rua e daí as vizinhas estavam com ela”, relatou.
Questionada se as vizinhas já haviam acionado a polícia, Laryssa disse que não. “Elas acharam que era o meu marido me batendo e mesmo a minha filha dizendo que não era o pai dela que estava ali, a minha filha falou que um “zumbi” tinha entrado dentro de casa, elas… eu não sei o que passou na cabeça delas, elas não chamaram a polícia”.
Investigações e prisão
A vítima relatou que após ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros, foi encaminhada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e lá a polícia colheu o depoimento dela, realizou a perícia no local do crime e deu início às investigações.
Após uma denúncia, o suspeito foi localizado em uma região de mata. Ao se aproximarem do local, os policiais encontraram o homem dormindo no meio do mato.
Depois da prisão é que Laryssa descobriu que se tratava de seu vizinho, com quem ela nunca havia conversado. “Era uma pessoa que já havia cometido esse crime [sexual]. Ele já tinha pegado uma menina e ficado 12 horas com ela, foi solto e sete meses depois estava fazendo a mesma coisa comigo e vivendo como uma pessoa comum na sociedade”, pontuou.
Perguntada se a família do agressor chegou a procurá-la, Laryssa disse que apenas o pai dele procurou o seu marido e nem pediu desculpas, “Ele disse que a culpa era da bebida”.
O trauma
Laryssa disse que voltar para casa foi “aterrorizante” e que agora tem medo o tempo todo e fica pensando que tudo vai acontecer de novo.
“Até minha filha. Ela pede pra eu fechar o portão, ela também fica com medo. A gente nunca mais vai ser a mesma coisa, vamos viver com medo, porque estávamos dentro de casa, pensamos que estávamos seguras, a gente estava dormindo e aconteceu isso”, afirmou entre lágrimas. O apresentador perguntou a Laryssa como a filha dela estava depois de toda a situação. Emocionada, a jovem disse que a criança está traumatizada. “Eu sempre tive esse cuidado com ela, então ela nunca tinha visto um homem pelado. E ela me perguntou ontem o que era aquilo que homens têm que as meninas não tem”.
Laryssa disse que conseguiu o acompanhamento psicológico para ela e sua filha, por meio de uma terapeuta voluntária, caso contrário elas ainda estariam aguardando, pois estão na fila de espera pelo tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Nove meses atrás isso aconteceu aqui na cidade, onde a gente perdeu quatro inocentes, que não tiveram a oportunidade que eu tive, de me salvar, e acontecer de novo, mais duas vítimas, e ninguém faz nada?” indagou.
O caso mencionado é sobre uma mãe e três filhas identificadas como Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, Miliane Calvi Cardoso, de 19 anos, e duas menores, de 10 e 13 anos, encontradas violentadas e mortas, dentro da própria casa. O criminoso, Gilberto Rodrigues dos Anjos, morava e trabalhava em uma obra ao lado da residência onde a família vivia e foi preso dias depois do crime.
FONTE: RDNEWS
